quarta-feira, 23 de abril de 2008

Andrew Byrom


Concebe alfabetos tridimensionais a partir da idéia de mobiliário. Apesar de sua tridimensionalidade é necessário um ponto de vista determinado para a percepção das formas das letras aproximando-o da concepção corrente bidimensional do tipo. No entanto, esta existência no espaço também permite a percepção da forma antes da apreensão do sentido, resistindo á obrigatoriedade de uma legibilidade. Esta forma que pode ser reconhecida como letra em determinados momentos e outros não coincide com o conceito de “tipografia fluida” de Bárbara Brownie, em “Fluid Typography: An introduction to categories of fluid type”.


segunda-feira, 14 de abril de 2008

Espaço tipográfico 2

Um dos princípios da tipografia é a legibilidade, que foi muito reforçada ao longo do modernismo. O texto deveria se comportar como um meio invisível - um intermediário neutro - da mensagem. Para tanto, ele precisa ser tão legível ao ponto do reconhecimento de letras e palavras acontecer num nível subconsciente, para que o conteúdo alí codificado ocupe o primeiro plano de compreensão.

Porém, existe uma oscilação da percepção do "leitor"entre a notação simbólica e a superfície tipográfica do texto: quando a legibilidade diminui, a percepção da forma se acentua e vice-versa. A partir do questionamento dos paradigmas modernistas, essa oscilação pende para uma percepção do texto (tipo) enquanto imagem, forma, sensação... Nós olhamos para ele e não mais através dele.

Podemos perceber isto nas experimentações com a tipografia (tri)dimensional. Transformados em objetos físicos, os tipos extrapolam sua natureza bidimensional enquanto veículo de uma mensagem e passam a suscitar outras relações com o "leitor".

Um exemplo disto é o trabalho de Damián Ortega "Spirit and Matter" na Bienal de São Paulo "Como viver junto", em 2006. Instalado do lado de fora do pavilhão do Ibirapuera, o trabalho composto por seis estruturas construídas a partir de material de demolição reaproveitado ilustra bem tal oscilação.


Ao nos aproximarmos do pavilhão vimos construções que nos lembraram barracos improvisados, como os de uma favela. Não percebemos uma organização ou lógica na construção, estacionando nossa percepção nesta primeira impressão. Uma vez dentro do pavilhão percebemos que os barracos eram, na verdade, letras compondo uma palavra: SPIRIT. A construção poderia ser visitada: havia uma abertura de entrada e outras tantas ao longo da mesma. Ela poderia ser percorrida por uma trajetória determinada tanto pelo desenho da palavra quanto pela disposição das aberturas para passagem entre as letras.


Lá dentro, a sensação de percorrer um labirinto predominava; onde não percebíamos o espaço circundante porque confinado, tornava-se evidente um caminho, um corredor. Ao longo das curvas abruptas e das súbitas passagens podíamos ver a precariedade do material escolhido para a construção: velhos tapumes e portas, placas de metal enferrujadas, restos de outdoors.

Não me lembro de relacionar esta trajetória ao desenho da palavra que vimos anteriormente. As duas percepções experimentadas, o sentido do texto lido e a sensação de percorrer o labirinto, se configuravam como coisas distintas. O que percebemos ao caminhar por dentro da palavra foi a matéria, forma e sensação; um "olhar para". Já a vista do pavilhão permitia a leitura (espírito, sentido, mensagem), um "olhar através", para além da sua materialidade.

Não quero dizer aqui que esse foi o propósito do artista ao expor essa contradição entre espírito e matéria, mas destacar um ponto de partida para pensarmos a relação do "leitor" com a tipografia assim como as questões oriundas da transposição de uma manifestação bidimensional para o espaço, o tridimensional.

As fotos aqui apresentadas foram gentilmente cedidas por Leticia Lessa (obrigada!!!, porque nossa câmera pifou no início da visita O_o).

Abaixo, alguns links relacionados:
http://www.whitecube.com/exhibitions/spiritandmatter/
http://www.youtube.com/watch?v=feByWZN9B2Y

sábado, 5 de abril de 2008

Restaurante Shimo (SP)

O Restaurante Shimo (SP), projeto assinado por Marcelo Rosembaum (sim, o do Luciano Huck), apresenta um bom exemplo de como o designer gráfico pode atuar na ambientação: ricas explorações imagéticas através de grafismos plotados em boa parte do ambiente. As formas orgânicas e os padrões geométricos são dinâmicos, múltiplos e de cores bem vibrantes, resgatando valores de jovialidade e contemporaneidade dentro de uma nova abordagem da cultura japonesa. As explorações imagéticas são livres e com ênfase a elementos gráficos inseridos na cultura oriental como passaros, paisagens e adornos.






Destaque para a iluminação (tanto com luz branca quando luz originada de luminárias vermelhas) que potencializa as cores em cada painel.



As nuances ressaltando formas, cores e volumes: a solução da paleta cromática foi bem pontual ao aliar o amarelo e o vermelho, duas cores tão aplicadas no segmento de redes de alimentação, sem deixar o ambiente cansativo visualmente, já que o intuito do restaurante é oferecer um espaço convidativo para refeições mais prolongadas. As mesmas cores são aplicadas ao mobiliário e as luminárias do launge principal.


Jovem e urbano: aproximação dos painéis plotados a parede que simulam concreto aparente. Destaque para a fachada com logotipo em neon.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Espaço tipográfico


Gente, vejam o site do Intersection, um projeto experimental de tipografia que pesquisa como as formas das letras se comportam quando projetadas nos eixos x, y e z, combinadas umas com as outras.

Aqui vocês vão encontrar um programinha que permite a escolha de várias letras e a visualização do resultado em 3D, manipulável.

Uma outra abordagem do tipo enquanto uma manifestação tridimensional (é, tipo tridimensional derivado por extrusão é muito "last season")!